Júlio Miragaya
Presidente da Codeplan e Conselheiro do Conselho Federal de Economia
A inflação no Brasil somou 5,91% em 2013, mísero 0,07 ponto percentual acima do resultado de 2012 (5,84%), mas suficiente para economistas do mercado financeiro e a mídia catastrofista alardearem que ela está fora de controle e, a pretexto de combatê-la, clamarem pelo aumento da taxa de juros. Visam, na verdade, a favorecer os banqueiros, rentistas, agiotas e especuladores.
A quem esses senhores acham que enganam?
Escondem a notícia de que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-C1), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) – a inflação para as famílias de baixa renda – foi de apenas 4,98%. Mentem descaradamente quando dizem que a inflação corrói os salários, pois, segundo o Dieese, 86% das categorias tiveram, em 2013, aumento salarial acima da inflação, assim como foi com o salário mínimo, ou seja, praticamente todos tiveram aumento de renda acima da inflação.
O aumento de preços no Brasil tem como principal causa o fato de a população brasileira estar consumindo mais porque está tendo emprego e maior renda. A menor inflação do mundo em 2013 foi registrada na Grécia, onde houve deflação (-3,5%), porque a crise tirou a renda e o emprego do povo (taxa de desemprego de 26%). Será este o modelo que essa turma quer para o Brasil?
Considerando o impacto da desvalorização cambial de 20% e o aumento da massa salarial, o resultado foi até satisfatório. Inflação fora de controle era a que havia nas décadas de 80 e 90, que chegou a 84% em um único mês.
Espera-se que o Banco Central mostre sua independência, não em relação ao governo, como querem alguns, mas perante o mercado financeiro, interrompendo a série de aumentos da taxa de juros e parando de atuar para impedir que a taxa de câmbio se deprecie, condições vitais para a economia do Brasil voltar a crescer de forma robusta.
A verdade é que pessimistas com o Brasil estão a burguesia e a mídia catastrofista, não o povo.
Segundo pesquisa do Ibope, 57% dos brasileiros esperam um 2014 melhor que 2013, 24% acham que será igual e apenas 14% que será pior.