Júlio Miragaya
Conselheiro do Conselho Federal de Economia

O crescimento do PIB brasileiro em 2013, embora reduzido (2,3%), foi o 8º maior do G-20, grupo quer e presenta as 20 principais economias do mundo. Chama a atenção o fato dos países que tiveram maior crescimento serem justamente os que têm sido mais criticados pelo mercado financeiro e pelos EUA, incluindo os que eles chamam de as “cinco economias frágeis” (Brasil, Índia, Indonésia, Turquia e África do Sul), assim como a Argentina que cresceu 4,9%. Enquanto isso, o México, com seu governo neoliberal submisso aos EUA, é poupado, embora tenha crescido 1%  e gerado apenas 200 mil empregos, contra quase 1 milhão no Brasil.
Mas, nos últimos dias, as baterias desestabilizadoras desencadeadas pelos imperialistas alvejaram dois outros países: Venezuela e Ucrânia. Na vizinha Venezuela, a elite de direita perdeu onze das doze eleições realizadas desde 1998 naquele país. Os EUA chegaram a promover um golpe de Estado em 2002 que não durou três dias, e o povo reconduziu Chávez ao poder. Pois agora, depois de mais uma derrota, agora para o sucessor de Chávez, Nicolas Maduro, a direita e os EUA tentam desestabilizar o governo venezuelano.
Na Ucrânia, os EUA e a União Europeia promoveram um golpe de Estado em Kiev, derrubando, com apoio de fascistas ucranianos, um governo eleito. E com que autoridade os que roubaram o Texas dos mexicanos e a Irlanda do Norte dos irlandeses e há seis anos defenderam a autodeterminação do Kosovo, negam o direito à autodeterminação da população da Criméia que deseja seu retorno à Federação Russa?  Por aqui, a elite direitista e a mídia amestrada fazem coro com a agressão imperialista, pois conforme o geógrafo britânico David Harvey, “ os EUA proporcionam proteção econômica e militar a toda classe capitalista, onde quer que ela se localize, desde que, em troca, essas elites  adotem uma política abertamente pró-americana em seus respectivos  países.

Jornal de Brasília,13.02.2014