Com 106 óbitos entre 2009 e 2013, Brasília está abaixo da média nacional, mas ainda distante do aceitável pela OMS
Ádamo Araujo, da Agência Brasília
Realizar um correto acompanhamento pré-natal é a melhor maneira de diminuir a quantidade de mortes maternas — falecimentos causados por problemas relacionados à gravidez ou ao parto ou ocorrido até 42 dias depois. A análise foi feita pela Secretaria de Saúde, na manhã desta quinta-feira (28), durante a divulgação do estudo Mortalidade Materna no Distrito Federal, elaborado pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) com dados de 2009 a 2013. Na entrevista coletiva, a companhia informou que o DF registrou 106 óbitos no período e que, no último ano pesquisado, foi registrada uma leve alta no número de mortes em relação aos anos anteriores.
Apesar da elevação nos casos, com 53,9 registros a cada 100 mil nascidos vivos, Brasília está abaixo da média nacional — de 58,1 —, mas ainda distante do aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de até 20 óbitos. Em todo o País, nenhum estado se aproxima desse número. Santa Catarina, com 28,1, tem o melhor índice entre as unidades da Federação. O DF aparece em 10º lugar no ranking.
Quanto à faixa etária, o maior percentual de óbitos (54,2%) está no intervalo de 30 a 39 anos, constatado em 2009. O menor se apresenta, no mesmo ano, entre as adolescentes, com 4,2%, o que corresponde a menos de 20 a cada 100 mil nascidos vivos.
Em relação ao indicador raça (cor), 75% dos registros em 2013 referem-se a mulheres negras. “Observamos que ainda existem questões relacionadas à discriminação. Também podemos destacar a necessidade de pensar iniciativas para humanizar cada vez mais o atendimento a essas grávidas”, enfatizou Ana Julieta Teodoro, coordenadora de Promoção de Políticas para Mulheres da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos.
Rede Cegonha
Em 2011, a Secretaria de Saúde aderiu à Rede Cegonha, estratégia do Ministério da Saúde que visa implementar uma rede de cuidados para assegurar às mulheres, entre outros serviços, o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez. “As pacientes fazem ao menos sete consultas pré-natais, e essas abordagens estão mais qualificadas”, destacou a chefe de gabinete, Mônica Iassanã.
A Secretaria de Saúde informa que as gestantes podem fazer o pré-natal em qualquer centro de saúde. É preciso ter em mãos número do Sistema Único de Saúde (SUS) e documento de identidade.
Idade fértil
Um indicador que apresentou queda foi a mortalidade de mulheres em idade fértil, entre 10 e 49 anos. No período analisado, registraram-se 4.114 falecimentos. Em 2009, houve 92,2 registros a cada 100 mil mulheres, enquanto em 2013 foram 83,6 na mesma proporção.
Tumores, causas externas (acidentes e violências) e doenças do aparelho respiratório estão entre as principais causas dessas mortes. Apenas esses três fatores somam 66,1% de um total de 20 possibilidades de óbito.
Abortos
O estudo da Codeplan mostra que, anualmente, mais de 3 mil internações por aborto são registradas em Brasília. Apenas em 2009, a rede de saúde do DF recebeu 4.698 pacientes nessas condições. O total do período 2009-2013 chegou a 23.008 casos. “É um número com chances de ser maior, pois nem sempre as mulheres revelam as razões e as condições que a levaram a perder o feto”, comentou a gerente de Estudos e Análises Transversais, Jamila Zgiet.
Veja o estudo aqui.
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