Júlio Miragaya – Presidente da Codeplan e Conselheiro do Conselho Federal de Economia

Voltamos esta semana ao embate contra os economistas do mercado e seus prognósticos pessimistas, que povoam as páginas dos jornais e telas de TV. Falam de inflação fora de controle, quando ela somou apenas 3,78% nos nove primeiros meses do ano; criticam a baixa geração de emprego, quando o Brasil é um dos poucos países em que a taxa de desemprego vem caindo, e esperneiam contra o baixo crescimento do PIB, quando os 2,7% previstos são o dobro do previsto para o México, o “queridinho do mercado”, e significa acrescentar nada menos que R$ 120 bilhões ao nosso PIB, ou seja, vamos crescer esse ano o equivalente a um PIB da Croácia.

O curioso é que tal pessimismo em relação ao nosso desempenho econômico não é observado no exterior e entre nossos empresários. A consultoria de gestão britânica Regus, em sua 9ª edição do Índice Global de Confiança Comercial, registrou queda na confiança dos empresários em praticamente todos os países do planeta, fruto da intensificação da crise. Ocorre que enquanto no México o índice despencou 24 pontos, de 135 para 111 entre abril e outubro, no Brasil o índice recuou em sete pontos no mesmo período, de 136 para 129, ficando acima dos índices da China (121), da Índia (116) e da África do Sul (114).

Entre os 600 empresários brasileiros entrevistados, 42% esperam que a economia acelere no primeiro semestre de 2014; 28% estimam que isso ocorra no segundo semestre do próximo ano e 17% acreditam que a aceleração já está em curso. Apenas 13% dos empresários brasileiros não esperam aceleração no ritmo de crescimento. Onde será que esses economistas do mercado encontram tanto pessimismo?

Talvez, insatisfeitos com a orientação governamental em prol da redução da desigualdade na distribuição de renda, busquem desesperadamente influenciar o eleitorado para uma mudança de rumo, opção recusada pelo povo brasileiro, a julgar pelo resultado das últimas pesquisas eleitorais.

Artigo publicado também no Jornal de Brasília, de 07.11.2013