“O Impacto da formalidade do emprego e da inserção urbana no deslocamento casa-trabalho” foi o tema abordado, nesta tarde, 5, na Codeplan, pelo arquiteto e urbanista, Vicente Correia Lima Neto, que também é subsecretário de Políticas e Planejamento Urbano da Secretaria de Estado de Gestão do Território e Habitação (Segeth).
A pesquisa, que teve como foco cinco metrópoles: Belém, Salvador, São Paulo, Porto Alegre e Ride-DF, trouxe como reflexão se a formalidade do emprego atua na redução da necessidade de morar próximo ao local de trabalho, buscando, assim, um menor tempo de deslocamento – em especial para a população de menor renda.
De acordo com o estudo, as famílias decidem a localização de sua moradia considerando a renda e custo de transporte. Além disso, existe um desajuste espacial entre a oferta e demanda de emprego, e a desigualdade intraurbana é causada por efeitos exógenos.
“O fato do cidadão não ter emprego, e o poder público não estar atuando, seja na política de transporte, seja na descentralização de emprego, está contribuindo, ao longo do tempo, para fortalecer o fenômeno do deslocamento”, explicou Lima.
O estudo mostrou também que o rendimento médio brasileiro para o trabalhador formal é de R$ 1.921 enquanto o informal é de R$ 1.093. A pesquisa considera como trabalhador informal o indivíduo que não tem vínculo ou que não paga a previdência social, e como trabalhador formal aquele que, mesmo autônomo, paga a previdência.
Os gastos do primeiro decil de renda com transporte é de 21,83% – sendo que 10,3% da renda familiar é voltada para transporte público. A pesquisa constatou também que o automóvel faz com que o tempo de viagem seja menor.
Como solução, Lima sugeriu que houvesse a ampliação de oportunidades de emprego formal e investimentos em infraestrutura de mobilidade não-motorizada. “É preciso criar opções para que o trabalhador circule dentro da cidade da melhor forma possível, investindo em ciclovias, calçadas etc.”.
O presidente da Codeplan, Lucio Rennó, agradeceu a palestra do arquiteto e disse que percebeu as limitações que a malha urbana impõe à locomoção das pessoas. Com a melhoria da malha viária, é possível ampliar o leque de oportunidades para se obter melhores empregos.
“As pessoas ficam presas as suas localidades, e as cidades que são pouco densas dificultam ainda mais as oportunidades que esses indivíduos poderiam ter. De um lado, o carro reduz o deslocamento, de outro, favorece o aumento do congestionamento”, disse o presidente da Codeplan Lúcio Rennó. “O grande desafio é quanto à redução do uso do carro para melhorar a mobilidade, mas é preciso que se melhore o sistema de transporte. A combinação de políticas é a única forma de resolver a questão do afogamento no trânsito”, completou.
Texto: Eliane Menezes, com Ana Carolina Alves
Foto: Toninho Leite
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