Júlio Miragaya
Presidente da Codeplan e Conselheiro do Conselho Federal de Economia
Ocorre hoje plebiscito entre os eleitores escoceses que poderá resultar na independência da Escócia do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. Uma das quatro regiões que formam o Reino Unido, juntamente com Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte, a Escócia conseguiu sua independência da Inglaterra em 1306, em batalhas comandadas por William Wallace e Robert Bruce.
Com 5,5 milhões de habitantes e com uma economia rica, seu movimento separatista ganhou força pelo fato dos escoceses, com histórica maioria parlamentar trabalhista, se colocarem em oposição à maioria conservadora inglesa, desejando a manutenção da proteção social propiciada pelo Estado.
Independentemente do resultado da votação, o plebiscito escocês fomentou movimentos separatistas em diversas regiões da Europa, a começar pela Catalunha, região autônoma da Espanha, com 7,5milhões de habitantes, que possui língua própria e marcou plebiscito para novembro, contra a vontade de Madri.
Nesse rol, constam ainda a Irlanda do Norte, ocupada pelos ingleses desde o século XII, onde irlandeses nacionalistas querem unificá-la com a República da Irlanda; o País Basco, que fala o idioma basco; a Córsega, pequena ilha do mediterrâneo tomada pelos franceses no século XVIII, que fala dialeto italiano; Flandres, na Bélgica, que fala o flamengo, similar ao holandês, e que deseja se separar da Bélgica de língua francesa, além de movimentos separatistas no leste europeu.
A forte crise econômica que assola o continente europeu, iniciada em 2007 e sem sinais de superação, pode se agravar ainda mais, pois os mercados têm reagido negativamente a tais movimentos separatistas. Para o Brasil, o reflexo da emancipação da Escócia é quase nulo, exceto pelo fato de superarmos a economia do Reino Unido como a 6ª maior do mundo.
Jornal de Brasília, 18/09/2014