Osvaldo Russo – Diretor de Estudos e Políticas Sociais da Codeplan
O Brasil tem se destacado no cenário mundial pelo modo e pela intensidade com que enfrenta o desafio maior de abolir, até 2014, a miséria e a fome. Os dados estatísticos demonstram aquilo que pode ser visto em todo o País: a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro do Norte, Nordeste e Centro- Oeste ao Sul e Sudeste.
Se, de um lado, nos últimos dez anos, 40 milhões de pessoas saíram da pobreza no Brasil, de outro, 16 milhões de brasileiros estão deixando a miséria para trás. Isso não é o fim, pode ser o início do fim da pobreza em nosso território, não apenas da pobreza da falta de renda, mas das outras dimensões da pobreza: educação, cultura, saúde, terra, habitação, saneamento, meio ambiente saudável, transporte e justiça.
Hoje, vem se discutindo mais profundamente os critérios técnicos para se definir a pobreza e as classes sociais no Brasil. Instituições de pesquisa como o Ipea e a Fundação Perseu Abramo vêm promovendo debates sobre o tema e a própria Codeplan, no âmbito do Distrito Federal, desenvolve estudos na mesma direção.
Um dos tópicos em debate refere- se aos níveis de renda adequados à classificação de classe média. A ascensão social fantástica no Brasil na última década tem provocado reações, mas a melhoria das condições de vida não se deve apenas ao aumento da renda média, seja pelo aumento real do salário-mínimo ou pelos benefícios sociais. Apesar de importante, o acesso a melhor qualidade de vida não se resumiu a isso.
É necessário, porém, não se confundir essas definições com a adoção de critérios de corte para as políticas sociais, nas quais é preciso ter focos para superar os desafios prioritários. Podemos ampliar o benefício de renda, aliás, como estamos fazendo no DF, mas a pobreza só terá fim no Brasil se cuidarmos, igualmente, de suas outras dimensões.
Jornal de Brasília, 15 de maio de 2013