Júlio Miragaya
Conselheiro do Conselho Federal de E co n o m i a
Pesquisas publicadas na semana passada revelaram o enorme abismo existente entre a elite e o povo brasileiro. Pesquisa da consultoria Mercer junto a gestores de investimentos que movimentam ativos de US$ 11 trilhões, revela que os que desejam a reeleição de Dilma somam 0%; 46% a rejeitam e 54% são neutros. Quanto a Aécio, nada menos que 92% desejam sua eleição e 8% se posicionam de forma neutra. Já Campos tem o apoio de 82% dos executivos, somente 3% o rejeitam e 15% se mostram neutros. Parece óbvio que Aécio e Campos em segundo plano são os candidatos preferenciais dos banqueiros, investidores e especuladores. Mas quando comparamos a opinião dos executivos do mercado financeiro com a do povo, a diferença é gigantesca.
Pesquisa da CNT/MDA apontou que, se a eleição fosse hoje, a presidente Dilma teria 62% dos votos válidos, vencendo no 1º turno 35% do eleitorado não votariam em Dilma e 3% se manteriam em posição neutra. Aécio, principal candidato de oposição, teria o apoio de 24% dos eleitores, 34% de rejeição e 42% neutros. Campos teria o voto de 14% dos eleitores e 31% não votariam nele, sendo 55% de posição neutra.
Pesquisa do Datafolha revelou panorama similar em relação à intenção de voto: Dilma (62%), Aécio (22%) e Campos (16%).
Perspectivas tão contrastantes explicitam a razão das críticas caluniosas que financistas, especuladores e agências de risco com endosso do BC dos EUA e do FMI têm deferido contra alguns países, intitulando-os como “as economias frágeis”, e justamente os países que terão eleições neste ano (Brasil, Turquia, Índia e Indonésia): ver seus atuais governantes apeados do poder. Esquecem- se que, aqui, a escolha em outubro será dos 140 milhões de eleitores brasileiros, e não de “meia dúzia” de investidores gananciosos.
Jornal de Brasília,27.02.2014